O Islam libera os seres humanos da adoração a outros seres humanos ou a qualquer outro objeto





Por Prof. Wagner Montanhini

Obviamente, isso é um corolário do primeiro princípio de adorar somente a Allah. No entanto, merece uma menção separada, já que a dominação e subjugação de seres humanos por seus semelhantes é uma das tragédias mais graves na história da humanidade, talvez só superada pela tragédia dos seres humanos que aceitam tal situação e se submetem voluntariamente a outros. Poucas coisas são piores do que um ser humano que se submete e adora a outros seres humanos. É algo totalmente degradante porque, em essência, todos os seres humanos compartilham da mesma natureza e fraqueza. Ninguém tem o direito de se colocar no lugar de Deus – o que inclui tiranos, ditadores ou o clero – sobre os outros, subjugando-os com suas ordens, independentemente de essas estarem ou não de acordo com o que Allah revelou.


Essa meta do islamismo foi expressa eloquentemente por dois dos primeiros muçulmanos. Quando foram questionados pelo imperador da Pérsia o que havia trazido os muçulmanos a suas terras, dois diferentes companheiros do Profeta (a paz e as bênçãos de Allah sejam com ele) responderam de maneira semelhante: “Allah nos enviou para levar quem desejar da servidão da humanidade à servidão de Allah e da estreiteza deste mundo à sua grandeza e da injustiça nas formas de vida [deste mundo] à justiça do Islam.”


É interessante notar que os seres humanos reconhecem facilmente os males quando um tirano governa, mas não percebem isso quando um grupo de elite os domina e se submetem voluntariamente à manipulação e opressão dessa elite, muitas vezes disfarçada de democracia. Na verdade, ambos são maus e só podem ser remediados aceitando a Allah como legislador e autoridade máxima. Como discutiremos mais adiante, somente Allah pode estabelecer leis e ordenanças justas, pois só Ele está completamente livre de desejos e preconceitos.


Há muitas coisas que os seres humanos tendem a “adorar” ou das quais são “escravos”, como suas próprias paixões, o estado ou a nação e os desejos materiais. Allah descreve aqueles que tomam seus próprios desejos como deus: “Você não repara naquele que segue suas paixões como se fossem uma divindade? Allah decretou por Seu conhecimento divino que ele se extraviaria, e por isso selou seus ouvidos e seu coração, e pôs um véu sobre seus olhos [e não pôde ouvir, ver nem compreender a Verdade]. Ninguém poderá guiá-lo depois que Allah o extraviou. Você não vai refletir?” (45:23). O Profeta (a paz e as bênçãos de Allah sejam com ele) disse: “Que o escravo de moedas de ouro e prata e das finas vestimentas pereça, pois se alegra se lhe dão essas coisas e não fica satisfeito se não as recebe.” Na verdade, essa é uma forma de escravidão ou servidão – uma escravidão a algo que não é Allah. Ibn Taimiah escreveu o seguinte:


Se ele consegue [ou seja, o que deseja], se alegra e se não consegue, fica infeliz. Tal pessoa é o ‘abd [escravo] de seus desejos, pois a escravidão e a servidão são na verdade a escravidão e a servidão do coração. Portanto, o coração se torna escravo de tudo o que o coloca nessa posição. Por essa razão, diz-se que: “O escravo é livre enquanto estiver contente [com o que Allah lhe deu] e o livre é escravo enquanto for presa de seus desejos.”


O Islã liberta as pessoas dessas falsas formas de adoração. Ele consegue isso através da liberação do coração das caprichos e desejos. Liberta o coração dessa forma de adoração fazendo com que ele se apega somente a Allah e construa um relacionamento forte entre a pessoa e Allah (como discutiremos mais adiante). A pessoa simplesmente deseja agradar a Allah. Ficará feliz com tudo que implica agradar a Allah e ficará descontentada com tudo que desagrade a Allah.


Esse aspecto do Islã pode estar bem claro para um novo muçulmano. Pode reconhecer facilmente em si mesmo todos aqueles falsos deuses que costumava seguir e “adorar” em seus dias antes do Islã. Toda sua vida pode ter girado em torno desses objetos de adoração. Pode ter feito praticamente qualquer coisa para alcançar essa meta, independentemente de os meios utilizados serem éticos. Essas metas foram o que o transformaram em uma pessoa. Avaliava toda a sua vida com base nessas metas. Se as alcançasse, essa seria sua fonte de felicidade. Era um verdadeiro escravo dessas metas.Agora pode compreender como essas metas, na verdade, o estavam afastando da adoração a Allah.

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